PASSAGEM
Num minuto de tempo indefinido o passado se abriu.
E no mistério escuro da separação, recolheu seus pertences.
Deixou no seu lugar um espaço que brincava de real e de ilusão,
Transcorrendo entre o presente e quase futuro,
Enquanto a solidão das perguntas apressadas
Chorava mansamente tristezas de adeus.
E às angústias, magicamente,
Aliaram-se os restos das paixões,
Avisando aos desavisados sobre a transformação.
Ah, vida! Que te quero viva, despida...
Esqueci das tuas ilusões.
Fiquei só.
Vesti um prazer que doeu,
Mas, despedindo-me, abri mais portas.
Dancei, aprendi novos passos.
E aí, descansei abraçada ao silêncio,
Envolvida pelas nossas verdades,
Ou possibilidades,
Longe das desgastantes idas e vindas.